Os nativos (índios) tupiniquim foram os primeiros a manterem contato com a armada de Pedro Álvares Cabral nos dez dias que passaram no Brasil, quando do descobrimento em abril de 1500. Eram em torno de 500 nativos da tribo tupi-guarani. No início do século XVI, estes índios ocupavam boa parte do litoral brasileiro. Chegaram na região em busca da "Terra sem males". Viviam no sul da Bahia e na região de Santos e Bertioga em São Paulo.
O governador Mem de Sá massacrou os índios Tupiniquim. Destruiu muitas aldeias e matou milhares de indígenas. Os sobreviventes eram obrigados a reconstruir os engenhos destruídos pelos próprios indígenas e jurar lealdade ao rei de Portugal. Posteriormente eram entregues aos jesuítas para catequização.
A quantidade de índios Tupiniquim era em torno de 85.000 índios. Uniram-se aos portugueses na guerra contra os tupinambá-tamoios que eram os aliados dos franceses. A aliança foi inútil. Em 1570 estavam quase extintos.
Índios Pataxó / Tupi
A origem dos índios Pataxó e sua cultura encontra-se no interior do Estado de Minas Gerais, Espírito Santo e Bahia. Há vestígios de que os índios macro-jês (antepassados dos Pataxó), já habitavam a região da Costa do Descobrimento em 1000 a.C.
Após o ano 420 os macro-jês acabaram migrando para o interior, por pressão dos índios tupis. Viviam em pequenos grupos. Seu sustento não provinha somente da mata. Buscavam alimentos no mar, mesmo se confrontando com os índios tupis.
Os índios tupis haviam se estabelecido à beira mar e tinham aldeias com até 3.000 índios. Mas com a chegada dos portugueses o reinado dos tupis na costa sul da Bahia acabou. Os tupiniquins, índios tupis que habitavam a Costa do Descobrimento, foram sendo escravizados e catequizados. Eram mortos por armas ou doenças do homem branco. No final do Século XVI já restavam poucos tupis e alguns fugiam buscando a liberdade no interior. As aldeias foram substituídas por pequenas vilas e missões jesuíticas, vulneráveis a ataques de índios do interior.
Até o início do século XIX os índios Pataxó não haviam sofrido tanto com a chegada do homem branco. Como viviam em pequenos grupos e de modo seiminômade, sem muitos pertences, ao menor sinal de perigo, migravam para regiões mais seguras. Assim escapavam dos colonizadores e preservavam seus padrões socioculturais e territoriais. Assim também viviam os índios maxacalis, kamakãs e botocudos que juntamente com os Pataxó formavam a família linguística macro-jê. Os Botocudos, muito aguerridos, eram chamados também de tapuias e aimorés e habitavam a região de Belmonte (BA). Não aceitavam qualquer tipo de aprisionamento e revidavam atacando as vilas, engenhos e fazendas.
Os colonizadores começavam a investir na pecuária utilizando as terras para a implantação deste novo modelo econômico em meados do século XVIII. Com isso, os índios eram expulsos de sua moradia com incentivo da coroa portuguesa. Os botocudos eram os mais visados. Devido aos ataques, fome e doenças, muitos índios optavam por entregar-se às missões jesuíticas para sobreviver, dizimando a cultura indígena na região. Ainda restavam algumas aldeias Pataxó e botocudos.
Mesmo com os riscos que corriam, as aldeias dirigidas pelos jesuítas mantinham alguma liberdade pelas terras de sua área. Mas em 1759, com a expulsão dos jesuítas de Portugal e das colônias a coroa portuguesa deu ao homem branco poder de invasão e posse destas terras.
No início do século XIX o combate e perseguição aos índios continua. Colonos e fazendeiros, além das armas fazem uso de roupas de pessoas mortas contaminadas por varíola e disseminam a doença entre os índios matando inúmeros deles. Além do domínio pelas terras e recursos naturais o governo estabelecido no Rio de Janeiro queria acesso às províncias produtoras de ouro. Queria rotas terrestres para o funcionamento do correio, livre de ataques indígenas. D. João VI montou fortes militares em posições estratégicas. Assinou declaração de guerra contra os botocudos.
Preocupado com esta situação, o governo da província da Bahia, concentrou os índios em local distante dos brancos. Em 1805, os índios Pataxó, marcam presença na região próxima ao Monte Pascoal, citado na carta de Caminha. Em 1861 nas margens do rio Corumbau, perto do Monte Pascoal, o Governo concentra várias etnias indígenas numa aldeia chamada de Barra Velha que existe até hoje. Nesta aldeia estavam os maxakalis, botocudos, kamakãs e parte dos tupiniquins. Assim, distantes dos brancos, os índios deixaram de ser uma preocupação. Os índios Pataxó sofreram muito mas sobreviveram em Barra Velha que era a única aldeia da região.
Em 1939, Gago Coutinho, aviador português relatou ao ver a situação dos Pataxó: "É desolador o aspecto de miséria do povoado onde passamos a primeira noite"... "Todo mundo é doente. Uns atacados pelo impaludismo, outros pela verminose...".
No século XX novas doenças foram espalhadas por plantadores de cacau do sul da Bahia entre os povos indígenas que viviam isoladamente pelas matas. Vestes contaminadas de hanseníase e varíola foram espalhadas pelas matas, matando os últimos bandos indígenas que viviam isolados.
Em 1940 o governo federal determinou o ponto exato do descobrimento do Brasil. O Monte Pascoal se tornou importante marco histórico. Por decreto, foi criado o Parque Nacional do Monte Pascoal em 1943, delimitando assim as terras indígenas.
Em 1951, sabendo que haveria um parque dentro de suas terras, os índios Pataxó procuram o Serviço de Proteção ao índio no Rio de Janeiro, para garantir o direito das suas terras. Não tiveram êxito. Pouco tempo depois aparece na aldeia de Barra Velha dois homens que diziam serem engenheiros que demarcariam as terras indígenas. Reuniram alguns Pataxó e os conduziram à vila de Corumbau, onde bateram num comerciante e roubaram o seu comércio.
A comunidade da região revoltou-se contra os indígenas. Três dias após, a polícia de Prado e Porto Seguro invadiu a aldeia de Barra Velha na madrugada. Mataram vários índios a tiro. Espancaram outros. As palhoças foram incendiadas. As mulheres foram abusadas sexualmente. Muitos foram levados para trabalhar como escravos. Os dois homens, responsáveis pelo episódio da vila de Corumbau também morreram no tiroteio. A verdade sobre os dois homens nunca veio à tona. Este episódio é relembrado pelos Pataxó como "O fogo de 1951".
Os Pataxó que sobreviveram, formaram pequenos grupos que andavam pela região, constituindo pequenas aldeias como as de Mata Medonha, Águas Belas e Corumbauzinho. No início de 1960 os Pataxó retornam para Barra Velha. Em 1961 é implantado efetivamente o Parque Nacional do monte Pascoal proibindo os índios ao plantio de subsistência. Novamente, os índios se dispersam. Alguns permanecem e plantam em pequenas roças nas capoeiras da mata.
Vieram novas estradas. Em 1970 surgiu a BR 101. Surge o turismo. Extrae-se predatoriamente a madeira. Madeireiras clandestinas invadem o Parque Nacional de Monte Pascoal. Os Pataxó começam a fabricação de artesanato como forma de subsistência. Confeccionam produtos em madeira (gamelas e utensílios domésticos). Produzem ainda, arcos, flechas, lanças, cocares, pulseiras, colares e outros adornos apreciados pelos turistas. Os pescadores constroem canoas escavadas no próprio tronco da árvore.
Em 1978 a FUNAI inicia a demarcação das Terras Indígenas. Os Pataxó começam a se organizar.
Em 1992 os índios Pataxó formam a Associação dos Sem-Terra. Em 1999, um portaria da Funai revisa os limites das terras indígenas de Barra Velha e do Parque Nacional do Monte Pascoal.
Em 1997 o índio Pataxó Galdino dos Santo é queimado vivo na capital brasileira, Brasília, enquanto dormia num ponto de ônibus.
Em 2000, nas comemorações dos 500 anos do descobrimento, os Pataxó sofrem repressão da Polícia Militar da Bahia na manifestação de Santa Cruz Cabrália.
Hoje, os Pataxó se preocupam na preservação do meio ambiente e de sua cultura. Plantam árvores. Resgatam danças e ritos como o Toré, Muká Mukau e o Kamunguerê. Valorizam a língua e os cantos indígenas. Reúnem-se em volta de uma fogueira, principalmente em noites de lua cheia para contar e ouvir suas histórias e lendas. Assim, vão transmitindo sua história e cultura.
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