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São Sebastião - DF/ Brejolândia - BA, Distrito Federal / Bahia, Brazil
Acreditamos que a prática da capoeira em sua essência, possibilita o homem a dar um grito de liberdade não só enquanto sistema mas também enquanto pessoa, aprofundando da nossa história e expansão de consciência, utilizando a maior ferramenta sócio-histórico-cultural da humanidade, a "mãe capoeira". As oligarquias tiveram exito em suas pretensões em moldar parte do nosso povo, até hoje se percebe o poder de domínio e manipulação desses canibais imperialistas, quantos bandos de bandeirantes requintados que ainda caçam e destroem culturas de povos inteiros em virtude dos lucros que é seu único e exclusivo fim, acorrentam, oprimem e castigam nosso povo, com perversidades e humilhações a cada dia mais variadas. Em contrapartida a ECEL CAPOEIRA atua na formação de mentalidades construtoras e libertadoras, fundamentados no autoconhecimento pessoal e cultural, somados ao respeito sagrado a natureza... Rompendo os laços que nos une a condição de serviçais, com a força de nossa própria cultura.Vida longa, livre, saudável, digna e honrada. Mestre Cipó Cristino Júnior (61) 9851-6028 / 8570-4673

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sexta-feira, 29 de junho de 2012

Será se servimos o nosso país ou os canalhas que o governa

Nasci em Paratinga – BA em 13/09/1979 onde vivi até os 05 anos após a separação dos meus pais mudamos para Brejolândia – BA com minha mãe e dois irmãos, minha mãe embora fosse professora estadual e lecionasse dois turnos sofria fortes preconceitos da sociedade inclusive de sua própria família por ter se tornado uma mãe solteira, aos sete anos de idade eu já me envolvia em diversas confusões exigindo respeito inclusive dos adultos que a ofendia, nessa idade eu tive o meu primeiro porre.  Dentre muitas de minhas peripécias fui atingido por um raio, sofri uma perca muito grande dos meus neurônios, tive início de epilepsia e tomei fortes medicamentos, depois de mais de 02 anos de tratamento médico com vários especialistas e eletroencefalogramas tive o meu primeiro contato com as tecnologias populares quando uma humilde senhora disse pra minha mãe que o que iria me matar não seria a doença que eu tinha, mas sim os medicamentos que eu estava tomando, dentre muitas recomendações adotei o aguardente alemã como tratamento e em seis meses eu estava curado.
A essa altura da minha vida eu já tinha conseguido ser expulso de 03 colégios e freqüentado a delegacia com mais freqüência que o carcereiro, mas o mais incrível eu nunca alterei a voz pra minha mãe ou a respondi desrespeitosamente, eu a tratava como minha deusa e a enchia de carinhos, embora grande parte da cidade me considerasse um diabo. Em um dos prantos da minha mãe devido a uma de minhas transgressões eu a prometi me tornar o melhor aluno da turma a partir da 6º série rapidamente eu cumpri a promessa, representei o meu colégio em várias competições e depois a cidade em simpósios estudantis com uma notável participação em todas as realizações juvenis de Brejolândia - BA.
Ainda aos 16 fui impulsionado a sair da minha cidade devido ao envolvimento com mulheres cheirando a chumbo, somado ao desejo de servir minha pátria no céu brasileiro, a bebida me levou ao fracasso na prova da EPICAR (Escola preparatória de cadetes do ar), me restando simplesmente servi como soldado, em uma de minhas apresentações ao chegar atrasado pra carimbar o meu canhoto, um soldado antigo me provocou e depois me perguntou o que melhor eu sabia fazer, eu o respondi sinceramente beber, transar e brigar, foi o suficiente pra reunir vários sargentos em minha volta e providenciar o meu ingresso ao BINFA-6 no exato momento ficando pra quarentena sem os meus pertences pessoais. Semanas depois é que minha mãe de Brejolândia – BA fez com que chegasse algumas coisas que eu precisava.
Durante todo o curso de formação de soldado dentre as instruções de RDAR, ordens unidas, educação física, instruções de armamento, estande de tiro, abordagem de viaturas, abordagem de recinto, abordagem de indivíduo, controle de tumulto, ação e reação, depositavam em mim sentimentos de revolta e submissão com tratamentos degradantes e insultantes a dignidade da pessoa humana, não sei como poderiam imaginar que maus tratos e tortura psicológicas poderia contribuir na formação de um profissional, era explícito que os cães eram melhor tratados e respeitados do que os recrutas e soldados do batalhão, na segunda turma de 98 a minha rebeldia já estava em evidência desde o meu primeiro dia, então as provocações eram constantes, me faziam dobrar serviço com freqüência embora eu fosse mais antigo da equipe,  me tiravam da fila de doadores de sangue dizendo que o meu sangue não prestava, me colocavam como cobaia em tudo que oferecia constrangimento, risco ou dor, então não foi difícil deixar a minha ficha repleta de pernoites, detenções e cadeias.
A ausência da razão era tanta que vi dois colegas se matarem um por ser detido por uma mísera conta em um bar no Gilberto Salomão, impuseram tanta pressão que o camarada sacou a pistola 9 mm de uns dos soldados que o escoltava junto com o oficial e atirou na própria cabeça, o outro por uma simples denúncia em um envolvimento em clonagem de carro desabaram em cima do garoto até que ele se enforcou com o cadarço do próprio tênis.
Em minha ultima prisão antes de ser expulso me deixaram preso por mais de 30 dias por ter revidado as agressões de dois superiores, sem que tivesse ido à audiência embora o RDAR condenasse esse procedimento, depois de desistir da idéia de passar fogo nos miseráveis que me perseguiram e aterrorizavam a vida dos soldados do meu batalhão em virtude do surgimento de uma gravidez inesperada de uma aventura sexual, (mulher que hoje é minha esposa e filho que hoje tem 11 anos) movi um processo judicial contra a FAB – Força Aérea Brasileira e por incrível que pareça ao requisitar mina ficha na CIC – Cessão de Investigação e Captura no meu histórico eu não tinha uma única punição, estava descrito como um soldado exemplar e recebi o meu Certificado de Reservista de primeira categoria, e ainda uma compensação de 2 mil reais, todos ficaram perplexos inclusive eu.
Durante todo esse processo retornei pra Capoeira e procurei me aprofundar sobre a história do meu país e as leis que o regia, procurei apoio para o meu alcoolismo na irmandade de AA em 11/julho/2000 entrei em uma reformulação de vida, e aprendi a considerar o meu corpo como o meu maior patrimônio, foi então que percebi que nós éramos treinados pra matar e ferir e acatar toda espécie de ordens absurdas inclusive contra o nosso próprio povo pelo capricho de quem os governava. Senti vergonha da minha farda e jurei nunca mais ser vítima ou me omitir diante da opressão.
Hoje sou um exímio capoeira plebeu sem título, sem poder aquisitivo e sem posição social cobiçada, mas desafio o mundo a apresentar um ser humano mais homem do que eu, sirvo o meu país e o meu povo com orgulho, enfrentaria anjos e demônios em sua defesa, vivo sem correntes, sem mordaças e sem vendas.
A única coisa que eu busco junto a Deus é uma vida livre, saudável, digna, honrada e que eu possa olhar nos olhos da morte quando ela me espreitar sem o estigma da covardia e sem a dúvida de que eu tive uma vida plena. Cipó Cristino Júnior

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