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São Sebastião - DF/ Brejolândia - BA, Distrito Federal / Bahia, Brazil
Acreditamos que a prática da capoeira em sua essência, possibilita o homem a dar um grito de liberdade não só enquanto sistema mas também enquanto pessoa, aprofundando da nossa história e expansão de consciência, utilizando a maior ferramenta sócio-histórico-cultural da humanidade, a "mãe capoeira". As oligarquias tiveram exito em suas pretensões em moldar parte do nosso povo, até hoje se percebe o poder de domínio e manipulação desses canibais imperialistas, quantos bandos de bandeirantes requintados que ainda caçam e destroem culturas de povos inteiros em virtude dos lucros que é seu único e exclusivo fim, acorrentam, oprimem e castigam nosso povo, com perversidades e humilhações a cada dia mais variadas. Em contrapartida a ECEL CAPOEIRA atua na formação de mentalidades construtoras e libertadoras, fundamentados no autoconhecimento pessoal e cultural, somados ao respeito sagrado a natureza... Rompendo os laços que nos une a condição de serviçais, com a força de nossa própria cultura.Vida longa, livre, saudável, digna e honrada. Mestre Cipó Cristino Júnior (61) 9851-6028 / 8570-4673

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segunda-feira, 14 de maio de 2012

O messianismo judaico não era um homem liderar um "exercito" de judeus para liberta-los do jugo? Jesus copiou Simão de Pereia?


O messianismo judaico não era um homem liderar um "exercito" de judeus para liberta-los do jugo?
Jesus copiou Simão de Pereia?

Simão de Peréia:

Entre a morte de Herodes (4 AC) e a queda de Jerusalém (73 DC), houve uma série de agitadores, pregadores itinerantes, milagreiros, profetas que lideraram revoltas ou movimentos messiânicos. Uma lista deles é apresentada
 aqui, peloProfessor Jona Lendering [4]. Como pode ser observado, a principal (e na maioria das vezes única) fonte para todos eles é Josefo. No âmbito de seu primeiro livro "Guerras Judaicas", o relato de figuras contemporâneos de Josefo, com as quais ele teve oportunidade de interagir pessoalmente, como João de Giscala, Menaem eSimão Bar-Giora, é bastante detalhado. Eles são apontados como rebeldes fanáticos que levaram o povo judeu a catástrofe que causou a destruição de Jerusalém. Então eles são, de alguma forma, a razão de ser daquela narrativa. No entanto, para os pretendentes messiânicos mencionados em Antiguidades, e mesmo nos dois primeiros livros de Guerras Judaicas (no período anterior ao incio do conflito em 66 DC), como Teudas, Judas Galileu, João Batista e Simão de Peréia os relatos são geralmente muito curtos, não excedendo alguns parágrafos. Se observamos a história desses pretendentes messiânicos, vamos perceber um padrão de aparecimento súbito, origem obscura, são seguidos por multidões, e, diante da ação repressora das autoridades, o lider é capturado ou foge, e os seguidores se dispersam [5].

O interesse por essas figuras não foi compartilhado pelos muitos escritores que viveram no período. Por exemplo, Filo de Alexandria (20 AC - 50 DC), não menciona nenhum dos pretendentes messiânicos citados pro Josefo. Ele nada diz sobre as violentas revoltas lideradas por Simão de Peréia, Atronges, ou Judas Galileu, em que milhares de judeus foram mortos, com seus cadáveres sendo pisados pelas botas dos soldados romanos. Embora Filo discuta o carater violento do Governador Pôncio Pilatos ocasionalmente, não menciona o comportamento dele em relação a Jesus de Nazaré ou a repressão violenta a multidão liderada peloprofeta Samaritano (episódio que levou a destituição de seu cargo). Fora dos escritos de Flávio Josefo, somente Lucas menciona a existência de alguns desses lideres populares (Teudas, o Egípcio, e Judas Galileu) em Atos dos Apóstolos, além de Tácito que faz uma breve referência a
 Simão de Pereia (único pretendente messiânico, além de Jesus, a ser citado em uma fonte greco-romana).

"Houve também um certo Simão, que tinha sido escravo do rei Herodes, mas em outros aspectos, uma pessoa decente, que tinha uma compleição alta e robusta, e muito superior aos outros de sua ordem, e a seus cuidados foram confiadas coisas muito importantes. Este homem se destacou no estado desordenado em que as coisas estavam, e foi tão ousado que colocou uma diadema na cabeça, e foi seguido por muitos apoiadores, que o proclamaram Rei, convencendo-se que era mais digno do que qualquer outro. "Ele queimou o palácio real em Jericó, e saqueou o que restou dele. Ele também ateou fogo em muitas outras das casas do rei em vários lugares do país, destruindo-os totalmente, e permitiu que aqueles que estavam com ele squeassem os despojos. Teria realizado maiores proezas, se medidas repressivas não tivessem sido tomadas imediatamente. [O comandante da infantaria de Herodes] Grato juntou alguns soldados romanos as forças que tinha com ele, e foi ao encontro de Simão . E depois de uma grande e longa luta, grande parte daqueles que vieram da Peréia (um corpo desordenado de homens, lutando de forma ousada, ainda que inábil) foram destruídos. Embora Simão tenha conseguido evadir-se através um vale certos, Grato alcançou-o e cortou-lhe a cabeça." (Flávio Josefo, Antiguidades Judaicas 17.273-276)

"Quando Herodes morreu, sem esperar pela decisão imperial, um certo Simão usurpou o título de Rei. Ele foi subjugado pelo Governador da Síria, Quintilio Varo, e naquela ocasião os judeus foram divididos em três reinos governados pelos filhos de Herodes. (Tácito, Historias 5:9)

Com o relatado acima, a morte de Herodes, o Grande, resultou em uma grande crise. Em várias partes da Judéia houve tumultos, e três líderes surgiram,
 Judas, Filho de Ezequias (algumas vezes identificado com Judas Galileu), na Galiléia;Atronges, na Judéia; e Simão na região em torno do Mar Morto. Os filhos de Herodes -Arquelau, Antipas e Filipe - não conseguiram sufocar a rebelião. Assim, o Legado Romano na Sírio, Quintílio Varo, teve de intervir. Marchando com três legiões sobre seu comando (cerca de 20 mil soldados), as tropas romanas destruiram Sefóris e Emaus, e crucificaram cerca de 2 mil pessoas (Guerras 2:72-77 e Antiguidades 17:286-298), numa das maiores execuções em massa já realizada pelo Império.

Apesar de ter sido uma revolta violenta, sufocada a um grande custo, e com dificuldade, o fato é que Flávio Josefo constitui, basicamente, nossa única fonte remanescente. Quanto aos lideres da rebelião, Simão de Peréia foi, provavelmente, o mais proeminente, tanto pela descrição de Josefo, quanto pelo fato de ter sido o único pretendente messiânico (anterior a Primeira Guerra Judaico Romana) do qual temos registro em autores romanos (além, é claro, de Jesus de Nazaré). Simão conseguiu um parágrafo em Tácito. Um feito surpreendente.

Nesse ponto, podemos ressalvar que é possível que existam fontes a respeito de Simão de Peréia (e Atronges), hoje perdidas, principalmente aquelas que possam ter sido utilizadas ou mencionadas
 por Tácito e Josefo. Infelizmente, nenhum dos dois nomeiam suas fontes (ou sequer declaram que utilizaram) nessa parte específica da narrativa. No entanto, é sábido que em Guerras, e principalmente em Antiguidades, Josefo utilizou as obras do secretário e historiador da corte de Herodes, Nicolau de Damasco, contemporâneo dos eventos. O Professor Ben Zion Wacholder, do Hebrew Union College, observa que Nicolau é uma fonte fundamental para os livros XIII a XVII de Antiguidades Judaicas, embora Josefo apenas ocasionalmente mencione a fonte em que se baseou, e os estudiosos tenham que analisar caso a caso (por exemplo, Josefo teria utilizado um relato detalhado de Nicolau sobre os hasmoneus em Antiguidades, mas não em Guerras) [6]. Embora nenhum dos livros de Nicolau de Damasco tenha chegado a nosso tempo, existe um número significativo de fragmentos, e o mais extenso é justamente o que lida com final do reinado de Herodes [6]. O relato de Nicolau seria de suma importância, uma vez que ele era um contemporâneo dos eventos, e seus escritos eram considerados confiáveis. No entanto, nesse longo fragmento Nicolau é extremamente sucinto no que se refere a revolta "Apos esses eventos, e passado um pouco de tempo, o Rei [Herodes] também morreu, e a nação se levantou contra seus filhos, e contra os gregos. Esses últimos contavam mais de dez mil. Na batalha que se seguiu os gregos foram vitoriosos" [7]. Ou seja, nos fragmentos disponíveis de Nicolau de Damasco, ele não menciona os líderes da revolta. Ainda, Wacholder observa que o "relato da revolta dos judeus como sendo direcionado contra os gregos, não é encontrado em Josefo" [7].

Sobre a possibilidade das partes perdidas de Nicolau de Damasco trazerem informações sobre seus Simão e os outros líderes da revolta, Professor Eliezer Paltiel, da Universidade de Melbourne,
 escreve:
Nicolau não pode reinvindicar direitos exclusivos sobre a narrativa de Josefo dos eventos da Guerra. Nicolau estava em Roma na época das hostilidades. Ele tinha ido para lá com o intuito de prestar um último serviço para o rei morto, defendendo a causa do seu filho mais velho sobrevivente. Nicolou estava profundamente cansado da Judéia, e não há razão para assumir que ele tenha tido interesse sobre os assuntos judaicos novamente. Como veremos, ele tinha boas razões para estar familiarizado com os relatórios militares, que chegaram a Roma, mas esses relatórios eram apenas uma parte da história. A partir deles é, em última análise, baseada Guerras Judaicas, II, 5, 1-3 (66-79); e Antiguidades Judaicas, XVII, 10, 11/09, 1 (286-299). Nestas passagens, Josefo não menciona pelo nome um único líder rebelde. Um nome que pode ter sido - e provavelmente foi - mencionado no relatório do general romano era a de Simão de Pereia, que acabou encontrando abrigo nas páginas de Tácito. Tácito faz muitas honras a Simon, e seu relato esta em contradição com Guerras Judaicas, II, 4, 2 (59); e Antiguidades Judaicas, XVII, 10, 6 (276). Devemos concluir então que o relatório do comandante romano foi um pouco enganoso. Josefo, no entanto, possuía informações mais detalhadas sobre os diversos. rebeldes, que ele nos apresenta em Guerras, II, 3, 4-4, 3 (5 1 -65) e em Antiguidades Judaicas, XVII, 10, 3-8 (265-285) (14). [8]

Na sequência Paltiel conclui que a descrição de Josefo sobre Simão, Atronges e Judas, Filho de Ezequias era proveniente "de fontes desconhecidas de Nicolau de Damasco" [8]. Em suma, nos não temos menção a Simão de Pereia nos fragmentos remanescentes dos livros do escritor contemporâneo Nicolau de Damasco, que tratam da revolta, e mesmo a possibilidade de que tenha se referido ao lider rebelde em outras partes, hoje perdidas, de sua obra utilizadas por Josefo, é improvável. No entanto, uma vez que o relato de Tácito contradiz em pontos importantes o de Josefo, é bem possível que o escritor romano tenha utilizado um relatório militar hoje perdido, mas o qual, de qualquer forma, ele não menciona, bem como qualquer outra de suas fontes sobre a revolta. Logo, estamos reduzidos a Tácito e Josefo no nosso conhecimento de Simão de Peréia.
("Aonde estão aquelas dezenas de historiadores contemporâneos, que viviam em torno do Mediterrâneo, quando se precisa deles! Porque eles não mencionaram Simão de Peréia e seus feitos? Bando de perguiçosos!!!!)

Como observam o Professor John D Crossan e o Professor Jonathan Reed

"
Na Antiguidade, os governantes, os ricos ou seus escribas eram os únicos que sabiam ler e escrever, assim, as histórias, biografias e narrativas que sobreviveram até hoje foram escritas ou ditadas principalmente pelos poderosos. Interessavam-se por pessoas públicas e por conflitos públicos. Pouco se importavam com a vasta maioria do povo e com o que acontecia nas pequenas cidades ou vilas rurais, como, por exemplo, a pequena vila de Nazaré, a não ser quando causavam problemas ou ameaçavam a estabilidade e a economia" [9]

Assim, assumindo que Jesus congregou multidões em número semelhante a de alguns desses pretendentes messiânicos, teriamos que a sua atestação reflete justamente o que se esperaria de um lider carismático que reune multidões alvoroçadas com a possibilidade de terem encontrado o Messias. Os autores que escreviam as grandes histórias do período, como Josefo, Tácito, Suetônio simplesmente não estavam interessados em líderes carismáticos, profetas e milagreiros populares de provincias pouco importantes; seu interesse surgia apenas quando lideram movimentos que perturbações na pax romana. Nesse aspecto, para Tácito ou Josefo, por mais estranho que possa parecer em nossa perspectiva, alguém como Simão de Peréia merecia mais espaço do que Jesus, justamente por ter representado uma maior perturbação a ordem estabelecida. Em sua visão Jesus e (principalmente) os cristãos representavam uma fonte de amolação e problemas, as menções a Jesus e seu movimento em Tácito, Plínio e, Suetônio se referem a tumultos em que os cristãos estavam envolvidos e o Testemunho Flaviano original muito provavelmente relatava uma atrocidade cometida contra Jesus (a crucificação de um inocente), ou um Tumulto causado por causa dele. No entanto, nesse quesito, Simão de Peréia se saiu um pouco melhor, pois forçou três legiões a sairem de seus quartéis, e alguém como Quintilio Varo pode adicionar uma importante vitória militar em seu currículo. Por isso, Josefo e Tácito dedicam a ele mais espaço do que Jesus.

O leitor não deve ter a impressão que minimizamos o impacto desses pretendentes messiânicos. Os movimentos liderados por Atronges e Simão de Peréia devem ter varrido a Judéia como um terremoto, ou um tsunami. Impactaram violentamente a vida de dezenas milhares de pessoas. A questão é que seu "epicentro" estava muito distante das elites, e não representaram um impacto duradouro no curso do Império, além do problema comum a toda a antiguidade de que apenas uma pequena parte dos artefatos e escritos antigos chegou até nós. Em conjunto, a sobreposição desses fatores, atenuou seus efeitos, de forma que chegam até nós como punhados de frases em curtos parágrafos, como que se os movimentos que eles causaram tivessem sido leves tremores ou "marolinhas". Na verdade, é justamente o contrário: por terem perturbado muito, foi lhes concedido esse curto espaço, quase como notas de rodapé. Assim, o simples fato de que Jesus foi mencionado por Josefo e Tácito (mesmo que brevemente) é forte evidência que ele causou muita dor de cabeça.

Assim, podemos avaliar que a intensidade do impacto dos feitos de Simão de Peréia foi grande, a extensão desse impacto foi geral (3° nível em nossa escala, pois forçou a mobilização das legiões estacionadas na Síria, e a intervenção do Legado Imperial Quintilio Varo), embora o duração da revolta e seus efeitos tenha sido moderada, ja que, uma vez dominada, não forçou nenhum rearranjo permanente na estrutura politica e social da Palestina Romana.

sábado, 5 de maio de 2012

A alcunha boca do inferno foi dada a Gregório de Mattos por sua ousadia em criticar a Igreja Católica, muitas vezes ofendendo padres e freiras.

Nascimento23 de dezembro de 1636
Salvador
Morte26 de novembro de 1695 (58 anos)
Recife
NacionalidadePortuguês
nascido no Brasil colônia
OcupaçãoAdvogado e poeta
Escola/tradiçãoBarroco

Gregório nasceu numa família com o poder financeiro alto em comparação a época, empreiteiros de obras e funcionáriosadministrativos (seu pai era português, natural de Guimarães). Legalmente, a nacionalidade de Gregório de Matos era tecnicamente portuguesa, já que o Brasil só se tornaria independente no século XIX. Todos que nasciam antes da independência eram luso-brasileiros.
Em 1642 estudou no Colégio dos Jesuítas, na Bahia. Em 1650 continua os seus estudos em Lisboa e, em 1652, na Universidade de Coimbra onde se forma em Cânones, em 1661. Em 1663 é nomeado juiz de fora de Alcácer do Sal, não sem antes atestar que é "puro de sangue", como determinavam as normas jurídicas da época.
Em 27 de janeiro de 1668 teve a função de representar a Bahia nas cortes de Lisboa. Em 1672, o Senado da Câmara da Bahia outorga-lhe o cargo de procurador. A 20 de janeiro de 1674 é, novamente, representante da Bahia nas cortes. É, contudo, destituído do cargo de procurador.
Em 1679 é nomeado pelo arcebispo Gaspar Barata de Mendonça para Desembargador da Relação Eclesiástica da Bahia. D. Pedro II, rei de Portugal, nomeia-o em 1682 tesoureiro-morda , um ano depois de ter tomado ordens menores. Em 1683 volta ao Brasil.
O novo arcebispo, frei João da Madre de Deus destitui-o dos seus cargos por não querer usar batina nem aceitar a imposição das ordens maiores, de forma a estar apto para as funções de que o tinham incumbido.
Começa, então, a satirizar os costumes do povo de todas as classes sociais baianas (a que chamará "canalha infernal"). Desenvolve uma poesia corrosiva, erótica (quase ou mesmopornográfica), apesar de também ter andado por caminhos mais líricos e, mesmo, sagrados.
Frontispício de edição de 1775 dos poemas de Gregório de Matos.
Entre os seus amigos encontraremos, por exemplo, o poeta português Tomás Pinto Brandão.
Em 1685, o promotor eclesiástico da Bahia denuncia os seus costumes livres ao tribunal da Inquisição. Acusa-o, por exemplo, de difamarJesus Cristo e de não mostrar reverência, tirando o barrete da cabeça quando passa uma procissão. A acusação não tem seguimento.
Entretanto, as inimizades vão crescendo em relação direta com os poemas que vai concebendo. Em 1694, acusado por vários lados (principalmente por parte do Governador Antônio Luís Gonçalves da Câmara Coutinho), e correndo o risco de ser assassinado é deportado para Angola.
Como recompensa de ter ajudado o governo local a combater uma conspiração militar, recebe a permissão de voltar ao Brasil, ainda que não possa voltar à Bahia. Morre em Recife, com uma febre contraída em Angola. Porém, minutos antes de morrer, pede que dois padres venham à sua casa e fiquem cada um de um lado de seu corpo e, representando a si mesmo como Jesus Cristo, alega "estar morrendo entre dois ladrões, tal como ao ser crucificado".

Há 7 mil anos a.C. que povos (nativos - indígenas) viviam na região da Costa do Descobrimento (Belmonte - Santa Cruz Cabrália - Porto Seguro) - Bahia

Há 7 mil anos a.C. que povos (nativos - indígenas) viviam na região da Costa do Descobrimento (Belmonte - Santa Cruz Cabrália - Porto Seguro) - Bahia praticavam a caça, coleta de frutos e mexilhões, plantavam mandioca e conheciam a cerâmica. Várias tribos indígenas passaram pela Costa do Descobrimento.
Os nativos (índios) tupiniquim foram os primeiros a manterem contato com a armada de Pedro Álvares Cabral nos dez dias que passaram no Brasil, quando do descobrimento em abril de 1500. Eram em torno de 500 nativos da tribo tupi-guarani. No início do século XVI, estes índios ocupavam boa parte do litoral brasileiro. Chegaram na região em busca da "Terra sem males". Viviam no sul da Bahia e na região de Santos e Bertioga em São Paulo.
O governador Mem de Sá massacrou os índios Tupiniquim. Destruiu muitas aldeias e matou milhares de indígenas. Os sobreviventes eram obrigados a reconstruir os engenhos destruídos pelos próprios indígenas e jurar lealdade ao rei de Portugal. Posteriormente eram entregues aos jesuítas para catequização.
A quantidade de índios Tupiniquim era em torno de 85.000 índios. Uniram-se aos portugueses na guerra contra os tupinambá-tamoios que eram os aliados dos franceses. A aliança foi inútil. Em 1570 estavam quase extintos.
Índios Pataxó / Tupi
A origem dos índios Pataxó e sua cultura encontra-se no interior do Estado de Minas Gerais, Espírito Santo e Bahia. Há vestígios de que os índios macro-jês (antepassados dos Pataxó), já habitavam a região da Costa do Descobrimento em 1000 a.C.
Após o ano 420 os macro-jês acabaram migrando para o interior, por pressão dos índios tupis. Viviam em pequenos grupos. Seu sustento não provinha somente da mata. Buscavam alimentos no mar, mesmo se confrontando com os índios tupis.
Os índios tupis haviam se estabelecido à beira mar e tinham aldeias com até 3.000 índios. Mas com a chegada dos portugueses o reinado dos tupis na costa sul da Bahia acabou. Os tupiniquins, índios tupis que habitavam a Costa do Descobrimento, foram sendo escravizados e catequizados. Eram mortos por armas ou doenças do homem branco. No final do Século XVI já restavam poucos tupis e alguns fugiam buscando a liberdade no interior. As aldeias foram substituídas por pequenas vilas e missões jesuíticas, vulneráveis a ataques de índios do interior.
Até o início do século XIX os índios Pataxó não haviam sofrido tanto com a chegada do homem branco. Como viviam em pequenos grupos e de modo seiminômade, sem muitos pertences, ao menor sinal de perigo, migravam para regiões mais seguras. Assim escapavam dos colonizadores e preservavam seus padrões socioculturais e territoriais. Assim também viviam os índios maxacalis, kamakãs e botocudos que juntamente com os Pataxó formavam a família linguística macro-jê. Os Botocudos, muito aguerridos, eram chamados também de tapuias e aimorés e habitavam a região de Belmonte (BA). Não aceitavam qualquer tipo de aprisionamento e revidavam atacando as vilas, engenhos e fazendas.
Os colonizadores começavam a investir na pecuária utilizando as terras para a implantação deste novo modelo econômico em meados do século XVIII. Com isso, os índios eram expulsos de sua moradia com incentivo da coroa portuguesa. Os botocudos eram os mais visados. Devido aos ataques, fome e doenças, muitos índios optavam por entregar-se às missões jesuíticas para sobreviver, dizimando a cultura indígena na região. Ainda restavam algumas aldeias Pataxó e botocudos.
Mesmo com os riscos que corriam, as aldeias dirigidas pelos jesuítas mantinham alguma liberdade pelas terras de sua área. Mas em 1759, com a expulsão dos jesuítas de Portugal e das colônias a coroa portuguesa deu ao homem branco poder de invasão e posse destas terras.
No início do século XIX o combate e perseguição aos índios continua. Colonos e fazendeiros, além das armas fazem uso de roupas de pessoas mortas contaminadas por varíola e disseminam a doença entre os índios matando inúmeros deles. Além do domínio pelas terras e recursos naturais o governo estabelecido no Rio de Janeiro queria acesso às províncias produtoras de ouro. Queria rotas terrestres para o funcionamento do correio, livre de ataques indígenas. D. João VI montou fortes militares em posições estratégicas. Assinou declaração de guerra contra os botocudos.
Preocupado com esta situação, o governo da província da Bahia, concentrou os índios em local distante dos brancos. Em 1805, os índios Pataxó, marcam presença na região próxima ao Monte Pascoal, citado na carta de Caminha. Em 1861 nas margens do rio Corumbau, perto do Monte Pascoal, o Governo concentra várias etnias indígenas numa aldeia chamada de Barra Velha que existe até hoje. Nesta aldeia estavam os maxakalis, botocudos, kamakãs e parte dos tupiniquins. Assim, distantes dos brancos, os índios deixaram de ser uma preocupação. Os índios Pataxó sofreram muito mas sobreviveram em Barra Velha que era a única aldeia da região.
Em 1939, Gago Coutinho, aviador português relatou ao ver a situação dos Pataxó: "É desolador o aspecto de miséria do povoado onde passamos a primeira noite"... "Todo mundo é doente. Uns atacados pelo impaludismo, outros pela verminose...".
No século XX novas doenças foram espalhadas por plantadores de cacau do sul da Bahia entre os povos indígenas que viviam isoladamente pelas matas. Vestes contaminadas de hanseníase e varíola foram espalhadas pelas matas, matando os últimos bandos indígenas que viviam isolados.
Em 1940 o governo federal determinou o ponto exato do descobrimento do Brasil. O Monte Pascoal se tornou importante marco histórico. Por decreto, foi criado o Parque Nacional do Monte Pascoal em 1943, delimitando assim as terras indígenas.
Em 1951, sabendo que haveria um parque dentro de suas terras, os índios Pataxó procuram o Serviço de Proteção ao índio no Rio de Janeiro, para garantir o direito das suas terras. Não tiveram êxito. Pouco tempo depois aparece na aldeia de Barra Velha dois homens que diziam serem engenheiros que demarcariam as terras indígenas. Reuniram alguns Pataxó e os conduziram à vila de Corumbau, onde bateram num comerciante e roubaram o seu comércio.
A comunidade da região revoltou-se contra os indígenas. Três dias após, a polícia de Prado e Porto Seguro invadiu a aldeia de Barra Velha na madrugada. Mataram vários índios a tiro. Espancaram outros. As palhoças foram incendiadas. As mulheres foram abusadas sexualmente. Muitos foram levados para trabalhar como escravos. Os dois homens, responsáveis pelo episódio da vila de Corumbau também morreram no tiroteio. A verdade sobre os dois homens nunca veio à tona. Este episódio é relembrado pelos Pataxó como "O fogo de 1951".
Os Pataxó que sobreviveram, formaram pequenos grupos que andavam pela região, constituindo pequenas aldeias como as de Mata Medonha, Águas Belas e Corumbauzinho. No início de 1960 os Pataxó retornam para Barra Velha. Em 1961 é implantado efetivamente o Parque Nacional do monte Pascoal proibindo os índios ao plantio de subsistência. Novamente, os índios se dispersam. Alguns permanecem e plantam em pequenas roças nas capoeiras da mata.
Vieram novas estradas. Em 1970 surgiu a BR 101. Surge o turismo. Extrae-se predatoriamente a madeira. Madeireiras clandestinas invadem o Parque Nacional de Monte Pascoal. Os Pataxó começam a fabricação de artesanato como forma de subsistência. Confeccionam produtos em madeira (gamelas e utensílios domésticos). Produzem ainda, arcos, flechas, lanças, cocares, pulseiras, colares e outros adornos apreciados pelos turistas. Os pescadores constroem canoas escavadas no próprio tronco da árvore.
Em 1978 a FUNAI inicia a demarcação das Terras Indígenas. Os Pataxó começam a se organizar.
Em 1992 os índios Pataxó formam a Associação dos Sem-Terra. Em 1999, um portaria da Funai revisa os limites das terras indígenas de Barra Velha e do Parque Nacional do Monte Pascoal.
Em 1997 o índio Pataxó Galdino dos Santo é queimado vivo na capital brasileira, Brasília, enquanto dormia num ponto de ônibus.
Em 2000, nas comemorações dos 500 anos do descobrimento, os Pataxó sofrem repressão da Polícia Militar da Bahia na manifestação de Santa Cruz Cabrália.
Hoje, os Pataxó se preocupam na preservação do meio ambiente e de sua cultura. Plantam árvores. Resgatam danças e ritos como o Toré, Muká Mukau e o Kamunguerê. Valorizam a língua e os cantos indígenas. Reúnem-se em volta de uma fogueira, principalmente em noites de lua cheia para contar e ouvir suas histórias e lendas. Assim, vão transmitindo sua história e cultura.

terça-feira, 1 de maio de 2012



Guerra Guaranítica(1750 - 1756 [1]) é o nome que se dá aos violentos conflitos que envolvem os índios guaranis e as tropas espanholas e portuguesas no sul do Brasil após a assinatura doTratado de Madri, em 1750. Os índios guaranis da região dos Sete Povos das Missões recusam-se a deixar suas terras no território do Rio Grande do Sul e a se transferir para o outro lado do rio Uruguai, conforme ficara acertado no acordo de limites entre Portugal eEspanha.
Com o apoio parcial dosjesuítas, no início de 1753 os índios guaranis missioneiros começam a impedir os trabalhos de demarcação da fronteira e anunciam a decisão de não sair da região dos Sete Povos. Em resposta, as autoridades enviam tropas contra os nativos, e a guerra eclode em 1754. Os castelhanos, vindos deBuenos Aires e Montevidéu, atacam pelo sul, e os portugueses, enviados do Rio de Janeiro sob o comando do general Gomes Freire, entram pelo rio Jacuí. Juntando depois as tropas na fronteira com o Uruguai, os dois exércitos sobem e atacam frontalmente os batalhões indígenas, dominando Sete Povos em maio de 1756. Chega ao fim a resistência guarani.
Um dos principais líderes guaranis é o capitão Sepé Tiaraju. Ele justifica a resistência ao tratado em nome de direito legítimo dos índios em permanecer nas suas terras. Comanda milhares de nativos até ser assassinado na Batalha de Caiboaté, em fevereiro de 1756.